sábado, 21 de abril de 2012

A Importância da Profissão; O Sapateiro

A importância da profissão: O Sapateiro


O Sapateiro sempre foi um profissional muito procurado pelos moradores do bairro.
No Meyer, à rua Vilela Tavares, havia uma oficina onde trabalhava o sapateiro Antônio, italiano. Dava gosto  ver aquele senhor de camisa de meia, muito alva e avental, sentado entre  calçados e  ferramentas, batendo com um martelo o couro que elaboraria seu trabalho.
Um cartaz apresentava a tabela de preços dos serviços: sola, salto, meia-sola, remendo, etc.Sr. Antônio transmitia simpatia. Ia trabalhando e conversando ao mesmo tempo em que tirava os preguinhos entre os dentes, pregando-os na sola do sapato com uma batida certeira.
Outras vezes usava uma agulha apropriada ao tipo de serviço exigido e pespontava o couro previamente furado com uma furadeira que, se não engano, tinha o nome Cibela. O sapato era assim costurado em toda a volta com um fio encerado.
Na época os sapatos não eram muito elaborados, não havia modismo. Guardava-se um par melhor, que chamávamos de “sapato da missa”. Este participava conosco de todas as festas, fazendo nossos pés deslizarem num baile, num teatro, cinema ou outros eventos culturais e de lazer.
Certa vez, quando me dirigia a uma festa, meu “sapato da missa” prendeu o salto na junção dos paralelepípedos da rua Maranhão, quando eu atravessava. Consegui chegar ao outro lado num pé só.  Deixei o trânsito e o fluxo de pessoas diminuírem e o apanhei discretamente. Não sabia se ria ou se chorava. A festa, tão almejada por mim, estava encerrada.
Dias depois, fui à oficina do Sr. Antônio e o sapato voltou à antiga função festiva, por mais um longo período. Os sapatos não eram rejeitados e iam até o “final de carreira”. Eram consertados enquanto fosse possível.
Na escola, imperava o famoso “Tank Colegial”, sapato de couro forte que durava até o final do curso, enquanto o pé entrasse. Passava de geração para geração. Tinha uma chapinhas metálicas presas ao solado para durar mais, que chamávamos de “ferraduras”.  O barulho era estridente, quando os estudantes caminhavam. Quando ficavam gastas, os sapatos visitavam os sapateiros para trocá-las.
Existem ainda muitos profissionais nessa área que são muito importantes, mas já não se vai ao sapateiro com tanta freqüência, pois a moda faz tudo mudar.
Nas esquinas das ruas Dias da Cruz com Magalhães Couto havia também um engraxate. O “cliente” sentava-se num “trono”alto de madeira e o profissional empregava toda sua técnica: graxa, escova e força na flanela, que deslizava em todos os sentidos, fazendo os opacos sapatos do freguês reluzirem garbosamente.
Uma frase muito comum no bairro é a seguinte: “Vai graxa Doutor?” É a voz dos meninos carentes oferecendo seus serviços de engraxate, para conseguirem alguns trocados.
Parabéns aos sapateiros, vendedores e engraxates; eles são muitos importantes no Meyer e em todos os bairros.
Não esqueçamos que um chinelo ou um sapato velho sempre nos traz conforto quando mais precisamos. E como necessitamos de conforto durante a nossa existência, não o da exuberância, mas o conforto nas coisas mais simplres.
Há uma frase muito sugestiva: “Nunca falta um chinelo velho para um pé doente”.
Josepha Barbosa Soares

27/03/12

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