sábado, 21 de abril de 2012

O Guarda Noturno - Amigo da População

O Guarda Noturno – Amigo da população

            Os bairros são semelhantes a palcos teatrais, onde acontecem tristezas, alegrias e às vezes, casos hilariantes. Faz parte do dia-a-dia.
            No passado, no Meyer, e em outros bairros, havia o Guarda Noturno, era acolhido com respeito e simpatia, verdadeiro amigo dos moradores, conhecido por toda a redondeza.
As casas exibiam uma plaquinha onde estavam estampadas as letras “VN” cujo significado era Vigilância Noturna e indicava que o imóvel estava filiado ao referido serviço.
             Ao ouvirmos o vigilante apitar estridentemente, sabíamos que o nosso sono estava protegido dos gatunos, aliás, raros na época, pois os mais comuns eram os ladrões de galinhas, mas às vezes esses amigos do alheio apareciam lá pelas tantas e ouvíamos o cacarejar das galinhas que haviam sido despertadas do merecido sono em seu poleiro e colocadas dentro de um saco para um sequestro rumo à panela.
            Quando o Guarda Noturno percebia o movimento diferente corria atrás do larápio que abandonava o fruto da sua infração. As galinhas, caipiras, legorns, carijós, voavam espavoridas soltando penas para todos os lados. Os galos não conseguiam proteger a sua prole e gritavam.
            Os donos das penosas despertavam e, os homens de pijama e as mulheres de camisola, saiam em meio à tamanha confusão, ficando difícil identificar a propriedade, pois as aves estavam assustadas.
            O ladrão era preso, mas às vezes, “pernas pra que te quero”, corria sem parar e ninguém conseguia alcançar.  O guarda apizaguava o reboliço e todos voltavam para casa com seu rico tesouro: as galinhas.
            Certa vez, o Guarda Noturno notou em nossa vila (Rua Maranhão) um movimento diferente, subiu a passos largos apitando.  Verificou que os “valentes” moradores queriam contar o ocorrido, porém todos tapavam o nariz e apontavam para o solo. Barão, o cão de guarda, do Sr. Costa, motorneiro do bonde Boca do Mato, matara um gambá.  O guarda seguiu o exemplo do grupo apertando as narinas. Entretanto, ao ouvir a queixa, não fez cerimônia pegou a pobre infeliz pela cauda e levou-a agradecido ao grupo. Todos ficaram admirados e perguntaram. O que faria com aquele bicho? Ele então respondeu aos moradores: “dará um bom assado”. Todos se olharam perplexos e  agradecidos.
            O cheiro ficou retido no ar durante muito tempo. As pessoas jogavam creolina e se perfumavam como podiam em meio a gargalhadas.
            O Guarda Noturno havia cumprido o seu dever e todos podiam voltar para casa pois o sono tranquilo da comunidade estava assegurado, graças a abnegação daquele profissional dedicado.
Josepha Barbosa Soares
Wilson Pereira Soares

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